Existe muita resistência em entrar num processo psicoterapêutico. Isso porque há muita desinformação gerada pelo preconceito.
Destacamos aqui algumas reflexões sobre clichês muito propalados e que se você aceitá-los, sem estudar o assunto, podem acabar, no mínimo, não te ajudando. “Terapia é coisa pra louco e eu não sou louco” : Ninguém é “louco”, mas todos somos seres humanos que carregamos, de forma inata, a vulnerabilidade dentro de nós, querendo ou não. Há vários modos de se tratar a angústia que, uma hora ou outra, chega até nós. A psicoterapia é um deles. Outro clichê famoso é o “Terapia é cara, não consigo fazer”: concordo que existe certo abuso na área, por parte de alguns profissionais, ainda mais quando a pessoa já está desembolsando um dinheiro imprevisto no tratamento oncológico, mas por isso mesmo que a “A única certeza” foi criada: oferecer a todos uma escuta de qualidade, online, a um preço condizente com as possibilidades financeiras de cada um.
Preciso: e agora?
No momento em que você decide fazer um acompanhamento psicoterápico é importante saber que o processo (pelo menos do viés psicanalítico, que se propõe aqui) te leva a se fazer mais questionamentos, mais reflexões, em vez de modelos ativos comportamentais. Não se assuste: um(a) bom (boa) terapeuta irá te ajudar nessa condução.
Aqui, iremos nos concentrar um pouco mais em esmiuçar a dinâmica de trabalho da grande maioria dos psicanalistas: nós temos como ponto de partida duas questões que fundamentais: o sigilo entre analista e analisando e também a ausência de julgamento de valor, ou seja, nada é totalmente inserido no “certo” ou “errado”. Para nós, o certo é aquilo que te faz bem, que te deixa equilibrado, e o errado aquilo que te angustia, te desestabiliza ou te bloqueia. Essa questão, se a colocarmos dentro do contexto de pacientes com câncer ou com outra doença grave, ela deve ser estudada com maior cuidado ainda, pois a pessoa está ainda mais vulnerável e até cansada pra lidar com opiniões e “pitacos” alheios.
Linhas de tratamento
Há pelo menos três tipos principais de profissionais que oferecem esse tipo de serviço: psicólogos, psicanalistas e também alguns psiquiatras. Importante frisar que, mesmo nessas três vertentes de formação, existem vários tipos de linhas psicoterápicas.
Há muita confusão no que cada profissional faz, de onde é cada formação etc. Em se tratando de um paciente ou familiar de alguém com uma doença grave, ele tem urgência de uma assistência psicoterápica que basicamente exerça três funções primordiais: uma boa escuta, uma boa mediação e um completo respeito pela subjetividade dele(a). Isso, independentemente dele(a) ser um psicólogo comportamental, fenomenológico, ou um analista freudiano, junguiano, winnicotiano etc. Na verdade, “pensando alto”, isso é uma premissa necessária a nós profissionais, e também para todas as pessoas que procuram a psicoterapia.
Escuta e acompanhamento
Após as entrevistas feitas, e a escolha pela(o) profissional acertada, é hora de mergulhar em si mesmo(a) e procurar ser cada vez mais honesto(a) consigo mesmo(a), com o auxílio de um(a) terapeuta que faça uma escuta atenta e livre de pré-julgamentos.
Aqui temos um ponto urgente e necessário a ser discutido: o compromisso do paciente ( aqui, no caso, o analisado) com o seu tratamento. Ele se dá desde o começo, desde a escolha do(a) profissional e segue durante todo o percurso: uma boa terapia depende bem mais do analisado do que do analista. O processo, geralmente, dura muito tempo porque existe o tempo certo para desenvolver confiança nele(a) mesmo(a) e no seu (na sua) terapeuta. Pra se estabelecer a boa transferência. Então aqui vai uma dica: você está em busca de algo que é pra você, fundamentalmente; logo, não tenha pressa em começar a fazer terapia com o primeiro profissional que aparecer na sua frente. Faça quantas entrevistas iniciais forem necessárias até você se sentir seguro com aquela pessoa, pra começar a jornada. Boa terapia!